quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

O problema anual do vinho comum

Painel Econômico  - Danilo Ucha - Jornal do Comércio - 10/2/15


 O setor vitivinícola gaúcho vive um drama a cada safra da uva, isto é, a cada início de ano: os estoques do chamado vinho comum, ou de mesa, oriundo de uvas não-viníferas, as americanas ou híbridas, as mais cultivadas no Estado, geralmente por pequenos proprietários rurais. De acordo com a Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), os estoques estão em torno de 120 milhões de litros, bem menos do que os normais de 400 milhões de litros que, anualmente, pressionam o mercado, mas, ainda assim, grandes demais. A diminuição se deu graças aos leilões promovidos pelo Ministério da Agricultura e pelo aumento do uso da uva para a elaboração de suco. Acontece que o crescimento do consumo de suco parou, as indústrias diminuíram a compra da uva para tal e o vinho comum, na safra 2015, deverá chegar a 200 milhões de litros. A reivindicação é que o governo faça mais leilões de vinho a granel.

Vinho comum II

Quanto ao vinho de mesa engarrafado, a Agavi considera-o opção natural para a sobrevivência de centenas de vinícolas (são mais de 750 no Estado), desde que se chegasse a um preço compatível com o poder aquisitivo das classes C e D, e as empresas e suas entidades investissem em promoção. Mercado há, pois o vinho de mesa já é responsável por cerca de 80% da comercialização do setor no País, alcançando venda de 206 milhões de litros/ano. O presidente da Agavi, Rogério Beltrame, e Darci Dani, diretor-executivo, dizem que as empresas precisam participar mais das promoções e eventos da entidade e do Ibravin na promoção do vinho de mesa e investir em publicidade.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Bons resultados marcam evento de confraternização do setor vitivinícola

Encontro foi realizado no último dia 29 com a antecipação de ações que serão desenvolvidas em 2015.


Agricultores, vinicultores, representantes de entidades do setor vitivinícola e funcionários do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) se reuniram no Encontro Setorial da Vitivinicultura, evento realizado no último dia 29 de novembro, no salão paroquial da comunidade de Nova Milano, em Farroupilha. Além de um momento de confraternização, a atividade serviu para que o Ibravin apresentasse as principais ações realizadas durante o ano de 2014 e as metas para 2015.

Segundo o diretor executivo do instituto, Carlos Paviani, continuam as reivindicações pela ampliação do repasse do Fundovitis, de 50% para 75%; pela inclusão das vinícolas de pequeno porte (85% do total no Estado) no Simples Nacional; pela diminuição do ICMS do vinho, de 12% para 7%; e pela inclusão do suco de uva 100% na cesta básica. “O ano foi muito proveitoso, mas sabemos que podemos fazer mais”, concluiu o presidente do Conselho Deliberativo, Moacir Mazzarollo. Uma decisão do instituto é que, em 2015, 70% dos recursos sejam investidos na imagem do setor. Entre as ações já definidas, está a campanha de verão que destaca o espumante brasileiro, que será desenvolvida com foco nos litorais gaúcho e catarinense. Serão instalados outdoors nas principais estradas que levam às praias, além de ação compre e ganhe e propagandas em rádios. Nesse mesmo ritmo de leveza e descontração da época de férias, a campanha de 2015 de promoção do vinho brasileiro no Exterior faz um convite ao público: “Desperte o brasileiro que há em você” (em inglês, Wake up the brazilian in you).

Para os produtores, um dos avanços em 2014 foi a consolidação do projeto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), realizado a partir de convênio entre Ibravin e Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho). Segundo o diretor executivo da Fecovinho, Hélio Marchioro, são objetivos do projeto: incentivar a sucessão rural, a participação das mulheres na tomada de decisões e o uso consciente de agroquímicos, a partir de orientação técnica. “Apenas em relação à infertilidade do solo descobrimos mais de seis doenças, e nem sempre o vendedor de insumos indica o mais adequado”, diz.

O ano também foi positivo para as exportações. Completando uma década em 2014, o projeto Wines of Brasil, desenvolvido em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), alcançou recorde de comercialização em julho, atingindo crescimento de 257% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a gerente do projeto, Roberta Baggio, 87% das exportações brasileiras são de vinícolas integrantes do projeto. Ela lembrou a existência do Programa Primeira Exportação (PPE). “É a porta de entrada do Wines, voltado para aquelas empresas que já têm maturidade para exportar e precisam de auxílio para começar a vender no Exterior”, explica.

O gerente de Promoção, Diego Bertolini, anunciou que o Dia do Vinho, comemorado no primeiro domingo de junho, terá a programação ampliada para duas semanas. Assim, a comunidade poderá se envolver ainda mais com o universo do vinho. Em 2013, apenas na Feira do Vinho de Caxias do Sul, foram vendidos 17 mil litros de vinho.

E, se depender do empenho do Ibravin, os próximos resultados do Censo da Indústria Vinícola do Rio Grande do Sul devem mudar para melhor. A pesquisa, aplicada a 346 vinícolas, apontou certa resistência do setor em solicitar crédito. Para incentivar esta prática, que é importante para o desenvolvimento dos negócios, o Ibravin torna um pleito do setor que dois terços dos juros desses empréstimos, feitos por pequenas empresas, sejam pagos pelo Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura (Fundovitis). 

Fonte: www.ibravin.org.br